“Todas as mulheres, assim que engravidam, são alertadas: “Os filhos não são dos pais, e sim do mundo”. Acham a ideia bonita, poética, porém nunca imaginaram que a sentença viria a ser tão real, além de metafórica.
Gostamos de tê-los embaixo da asa, sentados à mesa durante as refeições, dormindo tranquilos no quarto ao lado. Porém, a sina de “serem do mundo” cedo ou tarde se confirma. Durante a infância, a casa materna ainda se assemelha ao útero, mas assim que meninas menstruam e nascem os primeiros pelos nos meninos, começa o processo de valorização da própria identidade. E se eles puderem fazer isso longe da vista dos pais, tanto mais autêntica parecerá essa busca.”
Martha Medeiros
É amigos um dia nós também batemos nossas asinhas e naquele momento nem passou pelas nossas cabeças o vazio, a saudade , o coração apertado dos nossos pais e só vamos entender isso muito mais tarde quando então estamos passando por este momento da vida.
Filhos casam ou vão morar fora, trabalhar em outra cidade, estado ou até em outro país e aí a casa fica imensa, silenciosa, tudo parece ter ficado grande demais e bate aquela saudade das "crianças" que agora batem suas asinhas lá no alto procurando seus caminhos, sua felicidade.
É difícil acostumar com esse novo momento da vida, os meus já estão fora há alguns anos e morro de saudade deles mesmo estando sempre juntos mas claro que não é a mesma coisa, eu adorava quando chegavam contando as novidades do dia, preparar as comidinhas, sobremesas preferidas eita saudade danada!
Dou uma sugestão para quem ainda não passou por esse momento, vá se preparando porque um dia ele vai acontecer, se for para casar procure ser amiga do genro ou nora para que estejam sempre próximos curtindo tudo de bom que a vida lhes oferecer e vamos em frente porque essa é a vida, não há como fugir do corte do cordão umbilical!
Foto: GOOGLE
O melhor ponto de observação para as manifestações são as redes sociais, notadamente o Facebook. Nelas é possível não só acompanhar a reação das pessoas em tempo real, mas também ver a pouca, ou nenhuma, penetração do governo, em suas várias instâncias, na internet -- o que talvez explique porque os protestos surpreenderam tanto os políticos, afastados da verdadeira opinião dos seus súditos por camadas de mordomias e de ocupantes de cargos de confiança.
Mesmo os políticos com presença mais assídua na rede nem sempre entendem os seus mecanismos. O senador Roberto Freire, por exemplo, passa a maior parte do tempo que dedica ao Twitter respondendo a ofensas e dando trela a provocações. Lamento, mas esse ruído -- que afasta as pessoas interessadas em conversar e atrai os baderneiros virtuais -- não pode ser confundido com diálogo.
A presidente, por sua vez, em plena época de descontentamento geral, passou os dois últimos dias recebendo representantes de movimentos sociais... ligados ao governo! Ora, não é com eles que ela tem que se entender, como deixa claro a gritaria na rede, e sim com as pessoas que estão de fora das boquinhas. Os movimentos sociais governistas, que nunca viveram tão bem, estão muito satisfeitos com Dilma e com o PT.
Em pleno ano de 2013, não é assim que se faz. Se a presidente está mesmo a fim de ouvir a população, o melhor a fazer é dar um bordejo pela internet. Ela nem precisa perder seu precioso tempo navegando os mares da insatisfação pessoalmente; basta pedir um bom clipping a seus assessores. Se fizesse isso, evitaria o gol contra de "rezar para os convertidos", que é como os angloparlantes dizem "chover no molhado".
E o governador? No meio da semana, fez uma reunião com meia dúzia de gatos pingados que pertenceriam, supostamente, ao grupo de manifestantes acampado em frente à sua casa. Saindo do palácio, o tal grupo criou uma página no Facebook modestamente intitulada "Somos o Brasil" e postou um texto melancólico, em que se apresentava como voz das massas e alardeava uma próxima visita a hospital público em companhia do secretário de saúde. Vergonha alheia total!
Ontem à noite, o grupo, que se quer representativo, ostentava pouco mais de cem míseras curtidas.
O governo errou feio, errou rude. Na internet, a ordem dos fatores altera o produto: para dar a impressão de que está ouvindo a sociedade, um governador deve procurar um grupo que a represente, e não uma entidade da qual ninguém jamais ouviu falar. Em outras palavras, deve procurar quem tenha presença representativa na rede, reconhecida e eventualmente respeitada -- e não juntar alguns amiguinhos que, depois do encontro, fazem página no FB.
A farsa não demorou a ser desmascarada. Desde que botou a página no ar, a turminha do Cabral não tem feito outra coisa a não ser apagar críticas -- ou seja, todos os comentários, sem exceção -- e os seus próprios posts. Há muito tempo eu não via um desastre de relações públicas tão explícito.
o O o
Não acredito em teorias conspiratórias, mas algo de muito estranho aconteceu na minha própria página do Facebook: o post em que eu falava da criação dessa página de amiguinhos sumiu sem deixar vestígios. Tenho testemunhas: quando o vi pela última vez, ele tinha mais de uma centena de curtidas, dezenas de comentários e vários compartilhamentos. Fui dormir; quando acordei, não estava mais lá.
Gostaria muito que algum representante do Facebook me explicasse o que aconteceu, ou vou ter que concordar com os alarmistas que dizem que a rede está sob censura.
(O Globo, Economia, 29.6.2013)
Fonte: GOOGLE